Resposta curta: Não há.
Resposta longa: Estamos num país onde os órgãos estatais e governamentais não são devidamente regulados para a prevenção de falcatruas, por isso quem estiver nestes pode fazer o que quiser desde que depois não seja apanhado (e mesmo se for apanhado, sempre pode-se contratar um bom advogado com o dinheiro roubado e atrasar o processo criminal o máximo tempo possível para o crime expirar, o que também funciona devido a um sistema judicial ineficiente). Estamos num país onde a esmagadora maioria da população vota num partido, ou porque esse partido teve muito bons políticos há 40/50 anos atrás (já vi pessoas da 3.ª idade a votar assim), ou porque as propostas desse partido pareciam ser das melhorzinhas (normalmente nem sequer se analisou o documento de propostas, por isso nem sabem bem o que é que os partidos estão a propor).
Mais importante que tudo, estamos numa democracia onde praticamente ninguém teve qualquer tipo de educação política, o que não faz sentido nenhum já que numa democracia é a população que governa (ou que pelo menos, é representada pela Assembleia da República, Governo e Presidente da República). Se as pessoas que escolhem quem governa têm tão poucos conhecimentos de política, como é que conseguem fazer escolhas boas e informadas?
Eu nunca me esqueço de um senhor que uma vez apareceu no telejornal a dizer que a única razão pela qual votou no Chega foi para mostrar que não tinha medo deles. É mesmo isto que queremos para o nosso país?
E nem quero começar a falar sobre a palhaçada que a Assembleia da República, o berço para as leis do nosso país, que afetam todos os portugueses, o berço de qualquer democracia, é atualmente. Cada vez mais sinto que os deputados fazem o debate quinzenal parecer o mais ridículo possível de propósito para que as pessoas não se queiram aproximar, e nem sequer ser associadas à política, para que possam fazer as leis que lhes bem apeteça já que ninguém quer saber do que fazem na Assembleia (beneficiando assim familiares, amigos, ...).
Eu sinto que o que falta é ambição. Sinto que toda a gente tem muito aquela mentalidade de "somos um país pequenino", e que por isso aqueles que fazem falcatruas não se sentem muito moralmente erradas, e que as pessoas não querem saber da formação e alteração de leis, já que o que fazem ou não fazem não afeta assim tanta gente. No entanto, eu sinto que se estão a esquecer-se que isto é um país de dez milhões e meio de pessoas(!), e que o que estão a fazer afeta, direta ou indiretamente, todo este número de pessoas. E acho que é por isso que há tantos políticos que fazem leis e tomam medidas a seu favor e a favor dos seus amigos, em vez de pensarem nos seus 10 444 199 compatriotas. E se formos a ver também, há falta de pensar mais à frente, para o que vai acontecer daqui a 5, 10, 15 anos. Qual foi a última vez que o Governo fez um grande plano de longo prazo, em vez de só se pensar no que é que vai acontecer no ano seguinte? O último que me lembro foi a venda da TAP, que depois foi anulada sob governo do PS. Ou então o plano de pagamento à Troika.
Com isto não estou a tentar dizer que "estamos no caudal da Europa", nem nada desse género (os portugueses adoram mesmo comparar o seu país aos outros como se muitas vezes adiantasse de muito, mas isso é uma questão para outro dia). Estou a dizer que há uma grande margem para melhorias, mas pouca gente que esteja disposta a dar o seu tudo para que aconteçam.
Concluo assim o meu monólogo bastante longo, que vai ser lido por talvez uma pessoa e meia, a dizer que o que precisamos mesmo para pôr o País em ordem é de uma ditadurazinha em que haja alguém a dizer o que é que precisa ou não de ser feito /s
P.S.: Para aqueles que ficaram com ideias, não consigo sequer imaginar o Chega a instaurar em Portugal uma ditadura que benefissiasse a população e não a eles próprios.